domingo, 18 de outubro de 2009

Lufã

Ó papai, lamento muitas coisas
Das que fiz quando não sabia
Dançar com tuas costas curvas,
Apoiado no teu opaxorõ prateado.

Pois a bebida, um dia vinho de palma,
Foi meu sono cruel perdido no tempo.
De todo o meu desejo mais constante,
De minha proibição mais doce.

Agora sinto sim! Seu Ijexá é mais lento.
É como se o teu amor fosse á teu tempo.
E me sinto tão seu que de olhos fechados
Me pego de ombros tortos, d´alma leve.

Ó Oxalufã, deus entre os sábios quietos.
Criança levada e ingênua que Exu acalenta.
Velho safado, e homem incompleto no mundo.
Vilão no fetiche veloz da vida moderna.

Calmo pode até ser, as vazes parece.
Mas a cor que teu pano reflete é branco,
A vida e a força de todas as cores,
A luz de Olorum, o reflexos dos homens.

Tu es o movimento brando, mas não é inércia.
Pois devagar carrega todo o mundo nas costas.
Por isso se apóia no teu bastão prateado.
Por isso se coloca de baixo de seu alá encantado.

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