quinta-feira, 25 de novembro de 2010

cantiga para não ninar

Deus fez da minha sorte uma brincadeira dançante.
E eu, menino curioso e quase depravado, aprendi a dançar.
Enquanto os tambores zuniam os homens para longe da terra
E os santos louvados apareciam em seu lugar,
Eu batia mais forte no couro iluminado pelo seu olhar.
E ele, meu deus brincalhão, vinha sorrindo com seu falos na mão.
Era Exu meu senhor, que não me deixa parar de dançar.
Era Exu, deus da vida, que malicioso vem me afagar.

Novembro

O som tonitruante de um bumbo ancestral
Transformado em explosão do metal,
Da gasolina e gás carbônico subindo aos céus.
Os foliões desinibidos que enchiam as ruas
Pulando e dançando suados por todas as partes
Mais parecem enlatados em trens subterrâneos,
Com medo da rua, dos passos que dão no asfalto.
O samba dos blocos, das bandas e dos anarquistas
É agora transmissão ao vivo de toda essa fulga
Deus salve o Rio de Novembro,
Rio que tenta se esconder em Janeiro
E deságua em Fevereiros de mágoas
Até quando o Balagandã das mulatas zumbirão como balas,
E as temíveis coronhadas virarão dança alucinante?